quinta-feira, 16 de junho de 2011

UM TOQUINHO NA ALMA


Um município, entre as contradições de sua formação histórica. Boa leitura.

UM TOQUINHO NA ALMA

Doriedson Rodrigues
                                                                      
Vem sentar comigo bem perto do rio;
Vem descobrir como suculenta é esta terra
Vem comigo olhar o boto faceiro;
Vem comigo prosear à beira do Tocantins.
Mas em meio a tanta beleza,
Não esqueçamos da ilha...
Da casa...
Da paxiba...
Do mapará que não veio;
Da farinha que faltou;
Da criança que não brincou;
Da mulher que não sonhou;
De tudo que ainda não se realizou.

Senta bem aqui pertinho de mim:
Escuta todo meu amor por ti;
Sente o teu cheiro no meu;
Tua voz na minha
Tua simplicidade gostosa.
Mas não esqueçamos  de tudo que ainda não se realizou:
Dos caminhos por construir;
Da dignidade por concretizar;
“Da vida como a vida quer”
“A gente não quer só comida
A gente quer a vida como a vida quer”.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sempiterna sedução

Um poema. Uma gota de palavras saída d'alma.

Sempiterna sedução

Doriedson Rodrigues

Madrugada adentro
vejo teus pés
que me sucumbem o olhar!

(Reflexão)

Sensibilidade por detalhes
Numa metonímica relação parte todo

(Respiração profunda)

Vejo teus pés
Que me param a leitura

(Prelúdio)

Descem
Lembranças e Saudades

 






Tronco Submerso

Um poema vivido ainda na graduação, apresentado pelo Cassique, e vivido até hoje. Uma beleza!

Tronco Submerso

Composição : Paulo André Barata/Ruy Barata
 
Tudo o que eu amei estava aqui
Do chão batido à cuia de açaí
Por isso não cantei Copacabana
Ainda que ela fosse tão bacana
No brilho dos postais que eu recebi
Tudo que eu amei estava aqui
Da mão de milho ao pé de miriti
E assim não falei da Torre Eiffel
Dos perfumes de Chanel
Nem do céu azul do Tenesse
Desculpe meu irmão meu canto agreste
Nutrido do jambu que não quisestes
Manchado de tijuco e de capim
Perdoa por favor meu pobre verso
Um tosco tronco submerso
No rio sem nome que se vai de mim
(Extraído de http://letras.terra.com.br/paulo-andre-barata/1199517)

Iluminação Pública em Cametá

Cametá é uma linda cidade e um belo município. A feira livre, com ares de idade média que me fascinam, possibilita aos cametaenses e ao visitante comprar peixe da maré, peixe fresco ainda batendo o rabo, além de comprar aviú, camarão, açaí em caroço para bater e tomar um vinho bem grosso. Não se pode perder de vista o saboroso mapará, um dos deliciosos peixes da região.

É um município com mais de 360 anos de história.

À noite, é possível ouvir uma boa música no Bar do Gato, e em vinil se for o caso, batendo um bom papo, sabendo as notícias com o Flávio, o Gato, o dono do Bar do Gato.

Aldeia, a praia, também me fascina e aos amigos que para lá tenho levado. Pequena, mas aconchegante. Lá, tem peixe frito, o fifiti, peixe na manteiga, tucunaré ou pescada, uma gostosa caldeirada. Tem o Bar Brasil, do Brasil, onde tem o mapará fifiti.

A praça da cultura, embora destaco que faltam praças tanto nas vilas como na cidade como espaços de sociabilidade e lazer, possibilitam o brincar das crianças, o bate-papo com os amigos, uma caminhada, momentos de reflexão.


Cametá, o município, fascina com os rios, as pessoas amigas, as vilas com suas feiras principalmente aos domingos, embora problemas sociais precisem serem sanados, como a sempre busca por espaços de saúde somente na sede do município. O município é muito grande (são inúmeras ilhas, comunidades ribeirinhas, setores de estrada). Os postos nas vilas ainda não são bem equipados com qualidade, quando existem. O sistema de abastecimento de água potável é ainda precário: em pleno século XXI ainda está trelado ao sistema de energia da CELPA - quando falta energia, falta água; bom seria haver motores próprios, para quando não houvesse energia da CELPA, fossem ligados e a água continuasse a jorrar nas torneiras de um Porto Grande, vila de meu sogro e minha sogra, de uma Vila do Carmo, terra do amigo escritor Salomão Laredo.

Cametá é-me um fascínio, apesar de termos uma alta taxa de iluminação pública, a partir de aprovação da Câmara Municipal de Cametá, e ruas, travessas, esquinas, praças com pouca iluminação e espaços outros sem iluminação.

O Campus da UFPA em Cametá

Agronomia

O Curso de Agronomia vem sendo estruturado pelos docentes da área e pela coordenação do Campus. Será o mais novo curso do Campus Universitário do Tocantins/Cametá - UFPA. A idéia e tê-lo já no vestibular de 2011da UFPA para início das aulas em 2012.

Na UFPA, o Curso de Agronomia, graduação, existe nos campi de Marabá e Altamira.

O Curso visa atender demandas da região, englobando municípios como Mocajuba, Limoeiro do Ajuru, Cametá, Baião, Oeiras do Pará, Igarapé-Miri (Nordeste do Pará), dentre outros, por formação nessa área.

Letras em Limoeiro do Ajuru e Pedagogia em Oeiras do Pará


Com início de aulas previsto para 2012, já foram assinados e publicados no Diário Oficial os contratos com as Prefeituras de Oeiras do Pará e Limoeiro do Ajuru para flexibilização de cursos do Campus da UFPA sediado em Cametá (PA) para esses municípios.

Haverá Letras em Limoeiro do Ajuru e Pedagogia em Oeiras do Pará. A idéia é continuar interiorizando cada vez mais a Universidade Federal do Pará, como o vem sendo desde a década de oitenta, com a instalação dos campi no interior da Amazônia Paraense.

O Campus já oferta, em regime de flexibilização, História e Pedagogia em Mocajuba e Letras e Pedagogia em Baião.











 

terça-feira, 14 de junho de 2011

SOBRE NOSSO ESCRITOR SALOMÃO LAREDO

Pessoal,

Algumas informações sobre o amigo-escritor Salomão Laredo, extraídas de http://slaredo.blogspot.com, 14 de junho de 2011, uma noite de São João, Padroeiro do Município de Cametá.

Salomão Larêdo nasceu em Vila do Carmo (Cametá), no dia 23 de abril do ano de 1949. Seus pais: Milton Larêdo e Maria do Carmo Larêdo. Casado com Maria Lygia Nassar Larêdo, tem um filho, Filipe Nassar Larêdo.
Possui graduação em Direito pela Universidade Federal do Pará (1975) e mestrado em Letras - Teoria Literária - pela Universidade Federal do Pará (2007).

Em 1984, publicou o romance “Sibele Mendes de Amor e Luta” e não parou mais. Tem quase 50 livros publicados de forma autônoma, independente.


Foi o idealizador dos “Encontros Mensais dos Escritores” e o grande baluarte para a fundação da Associação Paraense de Escritores, para a qual incansavelmente trabalhou, sendo eleito seu primeiro Vice-Presidente para o mandato 1986/1988.
Em 1992 é eleito para ocupar a cadeira de número 33 da Academia Paraense de Letras, participa ativamente da “I Feira de Livros do Pará”, e de todos os eventos culturais de Belém e do Pará.
Recebeu da Academia Carioca de Letras e União Brasileira de Escritores, em novembro de 2000, o “Prêmio Malba Tahan”, pelo seu livro de conto “Timbuí – a lenda da anta”.

É editor de jornais e livros e colaborador de diversos órgãos de comunicação. Ex-membro do Conselho Estadual de Cultura do Pará e do Conselho Editorial da Secretaria de Estado da Cultura do Pará – Secult, tem sido membro de júri de inúmeros concursos literários e culturais, entre os quais, Prêmio Multicultural Estadão, do jornal O Estado de São Paulo, e de música popular paraense, amazônica e brasileira.


Salomão Larêdo
entende que uma de suas tarefas enquanto escritor é trabalhar incansavelmente para formar leitor com espírito crítico e desenvolver a democracia cultural.
[...]
Salomão trabalha com o lendário e o imaginário da região Amazônica, faz literatura de ficção, arte popular oral, literatura escrita e texto verbalizado.


Universo literário: A Amazônia
Citamos as obras mais recentes: A garota que tentou bater na mãe com a vassoura e ficou seca, na hora – fatos visagentos – Antonia Cudefacho - encíclica cametaense romance transubstanciação; Sarrabulho, a lenda do CobraNorato- conto; Palácio dos Bares; Remos de Faia- as mil e uma noites amazônicas – romance. Chapéu virado – a lenda do boto – conto.
Livros que serão lançados brevemente: Galo Teso – romances; Histórias de são Benedito; Terra dos Romualdos; Os Grandes Lábios de Belém.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Um poema repassado em momento difícil

Pessoal,

Um poema que me foi repassado em momento de dor, tristeza, solidão ... Angústia. Elementos esses também de nossa materialidade histórica.


Repasso-te um poema de uma canção do filme
“ata-me”, do espanhol Pedro Almodóvar

“Quanto tiver perdido todas as partidas
Quando dormir com saudades
Quando se fecharem as saídas
E a noite não me der paz
Quando tiver medo do silêncio
Quando custar ficar em pé
Quando se rebelarem as lembranças
E me puserem na parede
Resistirei para continuar vivendo
Tornar-me-ei de ferro
Para endurecer a pele
Mesmo que os ventos da vida soprem fortes
Sou como o junco que dobra
Mas continua em pé
Resistirei para continuar vivendo
Resistirei.”

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Líderes contra o desmatamento assassinados no Pará

Pessoal,

Eis a nota pública do Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas (PPGAA/UFPA) e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR/UFRGS) sobre 

Líderes contra o desmatamento assassinados no Pará

“As árvores são nossas irmãs” (Zé Cláudio)

A área do Projeto Agroextrativista (PAE) Praia Alta Piranheira foi um maciço castanhal que só os moradores mais antigos conheceram. O castanhal foi explorado durante muito tempo por uma família de Marabá, que se dizia “dona”, e por centenas de famílias que coletavam livremente os produtos generosamente cedidos pela natureza. Além da castanha, eram e ainda são facilmente encontrados na floresta do PAE produtos como açaí, andiroba, cupuaçu, diferentes tipos de cipós, ervas medicinais e muitas espécies madeireiras de alto valor econômico.

Na década de 1990, um grupo de famílias apoiado por organizações não governamentais e governamentais deu início à solicitação de criação do PAE Praia Alta Piranheira. Entre essas famílias encontravam-se JOSÉ CLÁUDIO RIBEIRO DA SILVA (Zé Cláudio) e sua esposa MARIA DO ESPÍRITO SANTO SILVA (D. Maria). Zé Claudio e D. Maria eram os mais fervorosos defensores da criação do PAE por acreditarem na possibilidade de se estabelecer uma relação diferente com a natureza. Finalmente criado em 1997, o PAE abrigava mais de 300 famílias de agricultores que se propunham a explorar a natureza de uma forma distinta da comumente adotada na região.

Zé Claudio e D. Maria exercitaram essa nova proposta ao extremo: transformaram seu lote em um laboratório de experiências que demonstrava uma convivência mais harmoniosa entre homem e natureza e, mais que isso, acabaram se tornando sentinelas da preservação e transformando seu espaço de vida em uma zona de resistência ao desmatamento. Com quase 15 anos vivendo no mesmo lugar, o casal mantinha 80% do seu lote preservado. Essa façanha era motivo de orgulho para Zé Claudio e D. Maria.

Por essa peculiaridade, em uma região onde predomina o desmatamento, não demorou muito para que o lote de Zé Claudio e D. Maria chamasse atenção de pesquisadores, da mídia, além de servir de estímulo e exemplo para centenas de famílias de agricultores que intercambiavam conhecimentos com o casal.

Na busca de comprovações na linguagem acadêmica de que, além do valor cultural, a floresta em pé é mais valiosa economicamente que em toras, Zé Claudio e D. Maria se aliaram com os pesquisadores. A Universidade Federal do Pará (em especial as ações do Campus Universitário de Marabá e do Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural) apoiou e ampliou cooperações científicas (nacionais e internacionais) com a participação dessas lideranças, que muito contribuíram com ações concretas na busca de alternativas sustentáveis de combate ao desmatamento.

No início deste ano, Dona Maria defendeu sua monografia e obteve seu diploma de graduação no curso de Pedagogia do Campo, assim como vários assentados e lideranças que acessam com frequência os espaços da UFPA e de outras instituições de pesquisa.

O filho caçula do casal cursa atualmente o ensino médio no Instituto Federal do Pará/Campus Rural de Marabá (IFPA/CRMB), concebido especialmente para grupos sociais no campo. Esta família é um exemplo de busca e implementação de políticas públicas que realmente valorizem as demandas dos camponeses que habitam neste complexo espaço agrário marcado pela deficiente ação do Estado brasileiro.

Porém, a presença de espécies de alto valor comercial na área do PAE atraía outros interesses. Madeireiros e carvoeiros lançaram uma ofensiva forte sobre as famílias. Num contexto de dificuldades econômicas, muitas cederam ao conto do lucro fácil, o que facilitava a ação ilegal desses exploradores da floresta. Protegidos pela ineficiência do Estado em fazer cumprir a lei ambiental, esses agentes circulam livremente no PAE, consumindo a floresta numa velocidade estonteante. Até a castanheira, árvore protegida por lei, é derrubada sem piedade e sua madeira “maquiada” e colocada no mercado com outros nomes.

A preocupação de Zé Claudio e D. Maria com a preservação da cobertura vegetal extrapolava o seu próprio lote e se estendia a todo o PAE. Foi exatamente essa preocupação que os levou a denunciar a exploração ilegal de madeira dentro do PAE. Órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Policia Federal receberam inúmeras denúncias formuladas pelo casal. Sem nenhuma resposta efetiva por parte desses órgãos, assumiram a responsabilidade como cidadãos e assentados e passaram a tomar iniciativas de ação direta, interditando estradas, parando caminhões carregados com toras de madeira, anotando as placas, sem medir esforços em defesa das árvores.

Essa atitude corajosa do casal, motivada por um sentimento nobre e de coerência com seus princípios, despertou a ira dos madeireiros, carvoeiros e alguns fazendeiros com interesse nas áreas do PAE. Zé Claudio e D. Maria passaram a sofrer ameaças por defenderem a floresta em pé. Na verdade, eles tentavam fazer o que de direito seria dever do Estado: proibir a exploração ilegal de madeira conforme reza a lei. Sem o apoio do Estado, Zé Claudio e D. Maria defendiam a floresta com a própria vida e tinham consciência do que faziam. Em 2010, em um evento na cidade de Manaus, Zé Claudio disse: “Eu defendo a floresta e seus habitantes em pé, mas devido a esse meu trabalho sou ameaçado de morte pelos empresários da madeira, que não querem ver a floresta em pé”.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) já havia denunciado as ameaças sofridas pelo casal. Zé Claudio e D. Maria faziam parte da lista de 29 pessoas marcadas para morrer no Pará, divulgada pela CPT em 2010. Que sociedade é essa? Uma sociedade na qual as mortes são anunciadas com bastante antecedência e as autoridades não tomam providências! Uma sociedade onde os valores se inverteram. Quem defende a vida, paga com a morte! Quem se preocupa com o bem comum é eliminado para desobstruir o caminho do lucro fácil!

No dia 24 de maio de 2011, em uma tocaia armada por “pistoleiros”, escondidos em uma estrada que Zé Claudio e D. Maria usavam no trajeto entre seu lote e a cidade de Nova Ipixuna, foram desferidos os disparos mortais contra o casal. Não satisfeitos com a crueldade praticada, ainda deceparam a orelha de Zé Claudio, provavelmente para servir de prova da encomenda realizada. Essa infâmia, muito comum no período do coronelismo no nordeste brasileiro, é agora reeditada na Amazônia. Dias antes, a casa do Zé Claudio e D. Maria havia sido rondada por pistoleiros e alguns de seus animais domésticos foram alvejados. No dia do assassinato, Zé Claudio e D. Maria estavam saindo de sua casa para procurar segurança na cidade, dado que, aparentemente, o Estado era incapaz de fornecer segurança. Infelizmente, não tiveram tempo de chegar a um lugar seguro.

E, desta forma, o Ano Internacional da Floresta segue marcado por injustiças, impunidades, descasos com as pessoas, suas escolhas e seus direitos. Exigimos que o governo brasileiro não deixe que Zé Cláudio e D. Maria sejam apenas mártires, como tantos outros produzidos na Amazônia, e muitos menos que sejam uma mera estatística criminal. Para se ter a Democracia, certamente precisamos de códigos e leis. E, certamente, o debate democrático acerca dos mesmos é necessário. No entanto, sabemos que não existe Democracia quando o direito de matar aqueles que contestam o poder dominante é assegurado pela complacência à violação do direito fundamental à vida. A Amazônia e os “povos da floresta” não necessitam de mais mártires, mas de pessoas vivas, comprometidas e éticas, que os mantenham. Eles não necessitam de mais violência. Eles têm o direito – constitucional – a dignidade, liberdade de expressão, autonomia e exercício da cidadania.

Em qualquer lugar, e no Brasil que se diz uma Democracia, não é admissível que pessoas possam ser assassinadas pela divergência ao poder corrente e pelo exercício de seus direitos. Não é possível haver “dois Estados” e “duas leis” em um só país, afinal, uma lei que vale apenas para alguns, não é lei. Os assassinatos de José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva não são ocorrências individuais, são um problema nosso, de toda a sociedade brasileira. Precisamos reagir. Reagimos porque acreditamos que podemos contribuir, interrogando sobre os conceitos que fundam a interpretação dos conflitos na Amazônia e permeiam as políticas públicas brasileiras de desenvolvimento. Reagimos porque não é possível admitir a violência como instrumento de regulação social. Reafirmamos aqui nosso compromisso de lutar com as nossas armas: documentando, refletindo e oferecendo à sociedade interpretações sobre esse fenômeno sociopolítico que acompanha o “desenvolvimento sustentável” na Amazônia: a morte anunciada dos defensores da floresta.

“Matar árvores é assassinato” (Zé Claudio)

Agora em Inglês


Leaders against deforestation assassinated in the State of Pará, Brazil

Public Note by the Graduate Program in Amazonian Agricultures at the Federal University of Pará (PPGAA/UFPA) and the Graduate Program in Rural Development at the Federal University of Rio Grande do Sul (PGDR/UFRGS)

“The trees are our sisters” ( Zé Claudio)

The Agro-extractive Project of Praia Alta Piranheira (PAE) was an area of abundant Brazilian nut groves in the past, known only to the older residents. The groves were exploited for a long time by a family in Marabá, that called themselves the “owners”, but also by other hundreds of families that collected the products generously granted by nature. In addition to the Brazil nuts, other products were and are still easily found in the PAE forests, such as açaí, andiroba, cupuaçu, different types of vines, medicinal herbs, and a variety of wood species of high economic value.

In the 90s, with the support of NGOs and governmental agencies, a group of families solicited the creation of PAE Praia Alta Piranheira. Among these families was JOSÉ CLÁUDIO RIBEIRO DA SILVA ( Zé Cláudio) and his wife MARIA DO ESPIRÍTO SANTO SILVA ( D. Maria). Zé Cláudio and D. Maria were the most fervent defenders for the creation of PAE for believing in the possibility of establishing a different relationship with nature. Finally created in 1997, PAE was home to more than 300 agricultural families that were dedicated to exploring nature in a manner that was different from conventional predatory uses.

Zé Claudio and D. Maria took this new vision to the extreme by transforming their own parcel into a laboratory of experiences, which demonstrated a harmonious relationship between man and nature. Most importantly, they became sentinels of preservation and transformed their own space into a zone resistant to deforestation. Almost 15years living in the same place, the couple successfully preserved 80% of their lot, a proud accomplishment for both Zé Claudio and D. Maria. Especially, in a region where deforestation is dominant, this peculiarity gained attention from researchers, media, in addition to serve as a model for hundreds of agricultural families.

In search of academically grounded research proving the cultural and economic value of standing trees, as opposed to logging, Zé  Claudio and D. Maria allied to researchers. The Federal University of Para (especially the Maraba campus and the Center for Agrarian Sciences and Rural Development), supported and expanded scientific cooperation (national and international) with participation from leaders that collaborated on the search towards sustainable alternatives against deforestation.

In the beginning of this year, D. Maria defended her undergraduate final paper and received her diploma in Agrarian Pedagogy, like many others from the community that have accessed UFPA and other research institutions. Their youngest son is currently enrolled in the Federal Institute of Pará/ Rural Campus at Marabá (IFPA/CRMB), conceived especially for rural social groups. This is an exemplary family, that through much determination have implemented public policies that meet the demands of peasants that inhabit this complex agrarian space, defined by the deficient administration from the Brazilian State.

However, wood species of high commercial value in the PAE area attracted other interests. Loggers and entrepreneurs dealing with charcoal launched a strong offensive over the families. In the context of economic struggles, many gave in to make easy profits, facilitating access to illegal exploitation. Protected by the State’s inefficiency to enforce environmental laws, these agents flow freely through the PAE, rapidly devastating the forest. Even the Brazil nut tree, which is protected by law, does not escape the saw, and is then disguised in the market under another species name.

Zé Claudio and D. Maria’s determination to preserve the forest extended beyond their own lot to all of PAE. It was this determination that motivated them to report illegal logging inside PAE. Governmental agencies such as the Brazilian Institute for the Renewable Resources and the Environment ( IBAMA), National Institute for Colonization and Agrarian Reform ( INCRA) and the Federal Police received several reports from the couple. Without any response, they decided to take matters into their own hands and began direct intervention, such as blocking roads, stopping trucks loaded with logs and writing down their plates.

This brave initiative, motivated by a strong sense of morality, was interpreted as a call for war against the loggers, colliers and some farmers who had economic interests in the PAE area. Zé Cláudio and D. Maria began to receive threats for defending the forest. They were taking on the State’s responsibility to enforce environmental legislation. Without due governmental support, they ran serious risks, but were very conscious of this danger. In 2010, in an event in Manaus, Zé Claudio said: “I defend the forest and its inhabitants, but because of this work, I am threatened to death by the loggers that don’t want to see a forest with standing trees.”

The Pastoral Land Commission ( CPT) had already reported the threats received by the couple. In 2010, CPT released a death list of 29 people from Pará, where Zé Claudio and D. Maria were included. What kind of society is this? A society where deaths are previously announced, and no authoritative action is taken to prevent them? A society where values have been inverted. A society where those who defend life, must pay with their own life. Those concerned with the common good are quickly eliminated to allow fast profits to keep flowing!

In May 24, 2011, hidden gunmen awaited for the couple on the highway they used to travel to Nova Ipixuna. With instructions to kill, the gunmen shot the couple until their death. In a cruel attempt to prove the job was complete, Zé Claudio’s ear was savagely taken. This infamous gesture was very common in the Brazilian Northeast, and is now reedited in the Amazon. Days before the murder, gunmen prowled Zé Claudio and D. Maria’s property, targeting some of their pets. On the day of the murder, they were leaving home in search of safety in the city, but it was too late.

On this note, the International Year of the Forest is marked by injustice, impunities, and neglect of people’s rights and morals. We demand that the Brazilian government does not allow Zé Claudio and D. Maria to remain just as fruitless martyrs, like many other cases in the Amazon, and much less forgotten as criminal statistics. To have a Democracy, we certainly need laws and codes. We understand that a Democracy needs debates. However, Democracy cannot thrive when the right to kill those that oppose the dominant power is secured by complacency towards violation of the fundamental right of life. The Amazon and the “people of the forest” don’t need martyrs, but people who are alive and ethically committed towards its protection.  They do not need more violence. They have the right -- the constitutional right – to dignity, freedom of speech, and autonomy as civilians.

Anywhere, especially in the so called Brazilian Democracy, it is not admissible that people are murdered for diverting to the dominant power, and believing in their rights as citizens. It is not possible to have “two States” and “two Laws” in the same country, after all, a law that is applicable only to a few, is not a law at all. The murder of José Claudio Ribeiro da Silva and Maria do Espírito Santo da Silva are not individual cases. This is a problem of ours, and of the entire Brazilian society. We must react. We react because we believe we can contribute, questioning the concepts that interpret the conflicts in the Amazon and that permeate the politics of development in Brazil.

We react because it is inconceivable to allow violence as an instrument of social regulation. We reaffirm our commitment to fight with our own weapons: documenting, reflecting and offering to society, interpretations about this sociopolitical phenomenon that follows “sustainable development” in the Amazon: the announced death of the defenders of the forest.


                                                           “Killing trees is murder” ( Zé Claudio)